19 de setembro de 2012

Amizade?

Honorável V. de Merindral,

Venho por meio desta lhe desejar uma boa viagem e que Lileath e Mathlann guiem seu caminho até nossa amada Ulthuan. Que sua jornada seja tranquila.
Também gostaria de reforçar o pedido que lhe fiz na ocasião de vossa partida, de manter-me informada quanto aos avanços dos elfos das travas que rondam nossa terra pura. Sejam elas boas ou ruins, informe-me.
Igualmente espero que possamos trocar correspondências com assuntos mais amenos, já que não nos conhecemos direito. Vejo o fim de nosso noivado forçado como uma forma de começarmos do zero e nos tornarmos amigos, pela nossa própria vontade e não por imposição. Sabes um pouco sobre minha pessoa, já ao passo que nada sei acerca de ti. Se essa amizade se tornar algo mais, gostaria que fosse por nossos próprios méritos, não acha?
Não tive a oportunidade de falar durante a nossa conversa, um tanto quanto tensa, que sempre o respeitei apesar de tudo, me preservando como elfa, mulher e diplomata. Nunca falei mal ou o destratei perante os outros, apenas me mantive em silêncio. Saiba que não tenho nada contra ti, apenas contra uma ideia imposta de nos privar de nossa liberdade de escolha. Respeito sim nossas tradições e sempre sonhei em casar-me, porem não dessa maneira. É só minha maneira de ver as coisas.
Penso que regressarei em breve para nossa terra, pois os dias se tornam cada vez mais difíceis, sinto que a loucura se aproximou um pouco de mim com as coisas terríveis que vi nos últimos dias, mas não te amolarei com isso.
Essa é para ser uma carta de alegria e de um recomeço e espero que sua mágoa passe logo, pois partiu meu coração ver-te partir daquela forma, tão consternado e desalento.
Alegre-se, pois seremos amigos e esse é só o primeiro passo.

Fortuna, de sua mais nova amiga,

                                                                                                                                                       Andrine.   



16 de setembro de 2012

Pesado grilhão chamado tradição

De certa forma foi um dia angustiante. Queria acreditar ser pilhéria de meus pais, mas infelizmente não era.

O petricor ainda estava forte, pois há pouco havia chovido. Meu vestido estava úmido por causa dos borrifos das gotas de chuva que batiam no chão adornado por tijolinhos de pedra azulada e eu rumava para meus aposentos com o intuito de secar-me e trocar de roupa, quando, ao passar pela sala de reunião de minha casa, ouço sem querer, uma conversa entre meu pai e minha mãe. Uma conversa que mudaria o rumo da minha vida, do meu destino.
Tratavam de meu casamento.
Fiquei em choque, como se meus pés sumissem, pois não podia acreditar que eles estavam fazendo aquilo, acabar com a minha liberdade.
Meu prometido? Um jovem visconde de nome Eldilor, que eu nem sabia que existia e isso não mudou nada nos anos seguintes. Mas quem era esse petiz?
Mesmo não sendo educado, invadi a sala e incrédula perguntei se o que acabara de ouvir era sério e a resposta não me agradou. Tentei argumentar, mas foi tudo em vão. A ideia já estava fixa e meus pais já haviam acertado todos os detalhes com os pais do rapaz. Era uma boa união para ambas as famílias, o negócio perfeito, pois as duas eram importantes na corte do Rei Fênix. Nos anos seguintes sempre tentava mudar a opinião deles e cheguei até mandar cartas para meu noivo na esperança dele desistir da ideia e nada. Estavam irredutíveis.
Fiquei doente, evitei participar de festejos e me isolei.
Havia perdido o viço da juventude e a alegria de viver, mas a esperança de me ver livre dos pesados grilhões de um compromisso surgiu na forma de uma viagem diplomática para o Império humano. Fui sem pensar duas vezes e sem olhar para trás, almejei com isso que todos esquecessem tal acordo.
Começaria uma nova vida entre os humanos.   

                                                                       ***

A viagem seguiu aprazível, adorava a brisa marinha tocando minha face e o barulho das ondas e pássaros marinhos que faziam sua revoada de migração ou de caça. Sentia-me a vontade em alto mar, pois minha família era conhecida por ser a melhor construtora de navios e barcos entre elfos e humanos.
Aportamos em Reikland e seguimos para a Floresta de Laurelorn, o lugar onde, por um erro de cálculo, eu nasci. Prestava atenção em tudo durante a viagem por terra, aquilo seria minha nova vida e daquilo dependeria meu sucesso. Passamos por várias cidades. Meu coração renasceu, sentia uma alegria queimar meu peito, respirei fundo deixando que o ar orvalhado da manhã invadisse meus pulmões. Tinha certeza que refaria minha vida ali.
A chegada à corte da lendária Rainha Sem nome foi o que faltava para meu renascimento. Já ia me habituando aos costumes do local com facilidade, seus habitantes eram amáveis, educados e lindos. Nobres elfos que seguiam suas vidas em harmonia. Agora só me faltava conhecer os humanos.
Não demorou para que saísse ao encontro deles. Uma missão me levou as terras de Salzenmund, onde logo me tornei amiga de conde Gausser, um humano digno. Meu coração palpitou ao conhecê-lo, não por amor, mas por respeito em conhecer alguém tão honrado e amável, tanto que chegava ao ponto de alguns nobres dizerem que ele era fraco ao lidar com os elfos, o que não era verdade. Ele era sim, educado. O conde era o único que compartilhava de meu destino infeliz. Minha missão diplomática se dava entre ele e os elfos de Laurelorn, numa demanda árdua por terras cultiváveis e comida. Tudo seguia bem até me envolver mais a fundo nos problemas dos reinos.
Mas isso já é outra história.




26 de abril de 2012

O Elmo

Gastei não sei quanto tempo tirando as manchas de sangue. Algumas foram difíceis de sair, mas eu insisti.

Meu irmão adorava esse elmo, apesar de ter pintado ele de um amarelo estúpido.

Se ele queria enfeitar o brinquedo, podia ter pedido ajuda pra mim. Mas quando vi a arte pronta não tinha mais o que salvar. E com aquela cara de bobo alegre dele na minha frente, o que eu podia fazer além de sorrir e dizer 'bom trabalho'? Meu outro irmão estava pronto pra fazer uma gozação, mas eu dei um tapa na nuca dele e sorri atravessado de um jeito que ele entendesse: deixa o garoto se divertir.

Dois crianções, bobos, esses meus irmãos. Mesmo assim, eu os amo como se fossem do meu sangue.

Sangue, o que vale isso? Preocupações como essa são só pra nobres, que precisam inventar o que fazer nas horas vagas e fingir ter alguma pureza que só eles tem. Pra gente é muito mais simples. Família é família, pronto.

Mas não foi sempre, sempre assim. Eu não queria eles.

Não no lugar da Wanda.

Eu não entendia porque minha irmã teve que ir embora e minha mãe não queria explicar. Isso me irritava muito, a ponto de me deixar de má vontade com ela frequentemente. Não que eu fosse enfrentá-la diretamente, mas... diabos, eu crescia e o silêncio continuava. Acabei tirando minhas próprias conclusões, o que foi uma perda de tempo, já que ela não negava nem confirmava nada.

Mas ela foi vencendo pelo cansaço e esse assunto ocupava cada vez menos a minha cabeça. Afinal eu tinha mais coisas pra fazer e, de qualquer forma...o mundo é grande. Com um pouco de sorte, a mão de Ranald...um dia, quem sabe?

Além disso, não demorou tanto pra que os meus novos irmãos quebrassem essa minha barreira inventada. Apesar de tudo eu precisava deles, da companhia deles... eu percebi depois de um tempo.

Bem, ao menos isso percebi.

Se tivesse prestado mais atenção, eu podia ter percebido também que não era culpa dela.

Sinto muito mãe, sinto muito mesmo.

Eu podia dizer que você escondeu bem, que fez tudo certo, mas a verdade é que eu fui burra, e essa minha burrice te machucou muito mais do que eu pensava que você tinha me machucado. E só agora vejo que eu não podia estar mais errada em pensar assim.

Eu não podia estar mais errada em várias coisas.

Eu pensava que tinha pouco, quase nada, mas só agora percebo que sempre fui muito rica. Deve ser algo parecido que as princesinhas sentem quando o castelo delas pega fogo com todo mundo dentro e não resta nada a não ser você e um elmo amarelo barato.

Todo mundo vai olhar esse elmo e ver ele limpo quase como se fosse novo, mas eu posso enxergar as manchas. E isso vai ser o suficiente, porque se fecho os olhos e começo a lembrar de tudo, uma voz sem palavras – é a sua, mamãe? - grita pra parar, como se me visse brincando na beira de um precipício que só eu não consigo enxergar.

Então não vou lembrar do que vi naquele dia, nem pensar nisso. Eu vou olhar para o elmo amarelo-estúpido com manchas invisíveis e minhas entranhas vão confirmar que isso é suficiente.

Suficiente pra não esquecer que meus irmãos bobos lutaram até o último suspiro. Não abandonaram a mamãe, não abandonaram ninguém, mesmo tendo pernas fortes pra correr. Se eu desistir agora, como vou poder encarar eles?

Assim eu posso seguir em frente, me equilibrando no fiapo de esperança que minha mãe me deu de presente com as últimas forças dela. O meu consolo é que, no fim, ela sabia.

Mesmo com toda minha burrice e má vontade, ela sabia que eu não deixei de amá-la nem por metade de um dia.

O Arco

Vestidos, armas, joias, armaduras e bugigangas de todos os tipos transbordavam pelas barracas espalhadas a perder de vista na larga rua do comércio. As lojas ao ar livre competiam ferozmente entre si pela supremacia de um campo de batalha que nada devia aos dos grandes exércitos.

As armas? Todo o barulho que os mercadores eram capazes de fazer para chamar a atenção sobre a qualidade e preço de seus produtos. Entre os combatentes desfilavam os juízes-alvos dessa guerra, portadores do prêmio máximo: as reluzentes moedas de ouro, prata e cobre protegidas em seus bolsos e mochilas.

Entretanto, os transeuntes em questão agiam antes como caçadores do que prêmios de disputa: negociavam, pechinchavam, observavam e selecionavam com parcimônia onde exatamente concederiam algumas de suas moedas em troca de peças de valor.

Claro, nesse jogo alguns se saíam melhor do que outros.

Afinal, um dia é da caça, outro do caçador.

- 10 peças de ouro por um simples chapéu de viagem??? Ele é feito do quê, seda élfica, por acaso?

Imersa no mar de verdadeiros e pretensos negociantes, uma mocinha rechonchuda e de olhos matreiros procurava onde gastar seu dinheiro e se desfazer do que já não tinha serventia. Insatisfeita com o que encontrara até ali, voltou sua atenção para o lado que vendia armas e armaduras.

Já que entrara de cabeça nessa vida de aventureira, tanto por escolha quanto por fatalidades, precisava ao menos garantir sua defesa pessoal. Olhou para o próprio arco e suspirou, decidindo-se.

- Nunca se sabe quando os anões não vão estar por perto, não é?

Lembrou-se da inocente Andrine, a nobre associada a eles, e do arco que ela possuía. A elfa exalava elegância por todos os poros, e isso incluía suas armas. Quando punha-se em prontidão eram como uma só entidade.

Já Hilde sentia-se deslocada com o arco que carregava, parecia que não funcionavam em harmonia. Claro, ela não era nenhuma elfa mestra em armas como Andrine ou Mithwen, mas não acreditava ser tão destrambelhada assim. A verdade é que não fazia ideia do que causava tal desconforto e não se sentia motivada a perguntar a alguém do grupo só para ouvir que era falta de treinamento. Tinha certeza que com um arco melhor as coisas poderiam ser diferentes.

- Um arco que combine comigo... - segurou a própria arma com as duas mãos, prestando atenção aos detalhes...inexistentes – É, acho que isso aqui não combina com nada.

Enquanto caminhava, pensava em como seria esse arco ideal se realmente existisse. Primeiro, não seria em nada parecido com o de Andrine, pois elas eram mulheres totalmente diferentes, embora simpatizasse sinceramente com a elfa de rubor fácil.

- Uma madeira forte e mais leve do que essa, com o espaço pra segurar fechando certinho na minha mão. Essa corda também parece que vai arrebentar a qualquer momento se eu puxar mais forte, podia ser mais firme...não passa muita confiança.

Riu para si mesma enquanto analisava o objeto, ciente de que precisaria mandar fazer uma peça única se quisesse um arco assim, e isso seria um pouco mais caro do que estava disposta a pagar no momento. Mas como sonhar é de graça, não havia problema em continuar.

- Ah, se vou pensar em tudo isso, ele também teria voltinhas para fora nas pontas e a madeira seria avermelhada. Pronto! - abriu um sorrido satisfeito com seu perfeito arco imaginário, o que seria o suficiente por enquanto.

Mas qual não foi sua surpresa ao virar o rosto na direção de uma das barracas e dar com o objeto de seus sonhos tranquilamente exposto entre outras armas da mesma família?

- Mas hein? - piscou, sem acreditar imediatamente na veracidade da visão. Atravessou a rua a passinhos rápidos e tiro-o do suporte sem cerimônia, comprovando com o próprio toque: não só a aparência, mas a leveza do corpo e firmeza das cordas também eram como imaginava. Impressionante!

- Interessada na arma, moça?

Apenas um detalhe era diferente. Reconheceu o 'X' gravado na parte de trás das pontas ornamentadas, e sorriu olhando para o céu. Era bom saber que não estava sozinha.

- Ah sim. Parece perfeita pra mim!

Como não se brinca com o Deus da Sorte, Hilde pagou o preço justo pelo arco impossível sem nem tentar barganhar. Mas não precisaria mais do antigo, por isso exibiu-o ao vendedor com as pompas de uma peça moralmente inestimável.

- O senhor já ouviu falar dos Heróis de Dorfmark?

13 de abril de 2012

Sejam bem-vindos!

Olá, aventureiros!
Bem vindos a mais um cantinho virtual da Ordem!

Coloquei aqui no blog os backgrounds de todo mundo, inclusive da Irina, a NPC mais querida de todo o Império. xD

À medida que formos jogando, vou publicando as aventuras em forma de história aqui, e vou programá-las para sair nos dias dos jogos. Por isso, quando eu finalmente escrever o resumo do 1º jogo, ele vai sair na data to 1º jogo. Assim fica mais fácil para as pessoas se acharem na aventura caso percam uma sessão. =]

Se quiserem alterar um detalhe ou dois nos backgrounds, agora que já conhecem melhor o mundo do Warhammer (e depois de alguns ganchos que fui puxando da história de cada um), sintam-se à vontade. Não sei se vocês tem permissão para alterar o post de outra pessoa. Qualquer coisa, publiquem outro texto, no mesmo dia que publiquei o seu background, que eu deleto o que eu publiquei.

Também temos uma página com as datas dos jogos, para manter todo mundo informado. Ou seja, sem aquela desculpa de "eu não sabia se ia ter jogo...". Sempre aviso umas 2 semanas antes quando vai ter, e já deixo a data dos outros indicada para o povo ir se programando e avisando se pode ou não com bastante antecedência.

Ainda vou fazer a maioria dos avisos pelo facebook. Este cantinho é mais para registrarmos as aventuras da Ordem da Noite Rubra e contar histórias de taverna. ;)

Puxem uma cadeira ao pé da lareira e aproveitem o espaço!

17 de fevereiro de 2012

Mithwen Samway

A pequena elfa de corpo esguio e mira tão impressionante quanto sua aparência nasceu na floresta de Reikwald. Teve uma infância ordinária, sem eventos merecedores de atenção, nada além das doenças comuns de toda criança pequena, dores de ouvido, de barriga, resfriados e outros males comuns. Ela não tinha uma saúde nem frágil nem excepcional.

Ela cresceu ao lado de seu irmão gêmeo, Mithlond. Eles eram absolutamente idênticos e se estivessem vestidos com roupas idênticas, a única maneira de diferenciá-los era através da voz, o que causava freqüentes confusões. A voz dela, desde muito nova, era um contralto rouco e sensual. A dele um tenor límpido e cristalino. Ambos tinham estatura mediana, corpo esbelto e esguio, olhos e cabelos negros como a noite e pele tão clara que parecia reluzir ao sol.

Lá pela metade de sua adolescência, seus pais os mandaram para um acampamento de treinamento chamado Pimeä Metsä, na parte mais escura e sombria de Reikwald. Pouco ou nada eles falam sobre os anos que lá passaram, mas só de olhar para eles dava para perceber as mudanças.

Mithlond tornou-se forte, com tronco e ombros largos e musculosos, ágil como o vento, silencioso como a névoa e seus belos olhos negros adquiriram uma profundidade desconcertante. Seus olhos, cabelos e trajes negros lhe conferiram a alcunha de Synkäjoutsen, que na língua antiga quer dizer Cisne Negro. Tanto sua aparência quanto o silêncio que ele agora mantinha lhe conferiam um ar sombrio e intimidador. Sua voz agora raramente era ouvida, nunca mais cantando e nas poucas vezes que era ouvida, jamais se erguia mais alto que um sussurro.

Já Mithwen não endureceu de todo, como seu irmão. Tornou-se, sim, outra figura misteriosa e sombria, mas volta e meia sua voz era ouvida. Em dias de neblina, de tempestade ou noites de lua nova, um lamento triste cantado em uma língua já há muito esquecida era ouvido ecoando pela vila. Ela era chamada de Häjädonëzyst, literalmente “donzela sombria” na língua antiga.

As únicas pistas sobre o que aconteceu em Pimeä Metsä foram os equipamentos que de lá trouxeram consigo. Ele vestia uma armadura de batalha completa, com grevas e manoplas, toda laqueada em negro e com a rosa negra de Morr no peito, sobre o coração, em alto relevo e o símbolo de seu signo, a Linha do Iluminador, em prateado nas costas de suas luvas. Seu elmo foi forjado com a aparência de um demônio rugindo ameaçadoramente por dentre as presas fechadas. Uma espada larga apoiada casualmente sobre seu ombro e uma capa negra esfarrapada em suas costas completava a aparência sombria.

Já Mithwen vestia um pesado manto negro com capuz que mostrava sinais de muito uso, sua beirada tocando levemente o solo e apagando quaisquer rastros que ela pudesse ter deixado em terreno macio. Por baixo do manto, um corselete de couro batido cor de avelã protegendo seu corpo, vestido por cima de uma sobreposição de duas camisas, uma castanha esverdeada e a outra de um castanho intensamente escuro, quase nova. Ela também vestia calças de couro tingido de castanho esverdeado, botas resistentes cor de terra molhada, bastante marcadas pelo uso, mas muito bem cuidadas, e luvas de couro macio cor de avelã. Portava um arco de manufatura élfica, leve e resistente e uma aljava com flechas pendurada nas costas. Seu vestuário em tons escuros era o menos desconcertante de sua aparência como um todo.

Seu cabelo antes negro como a noite, brilhava como prata fiada, tão claro que parecia branco ao sol. Seus olhos também haviam se tornado peculiares. Seu olho esquerdo permanecia igual, negro como a noite conforme era comum em sua família, mas o direito havia se tornado cinza azulado. Ela não gostava de discutir o assunto, e a única coisa que disse quando questionada sobre o assunto foi “Magia.” e permaneceu reticente, nunca desvendando o mistério. No dia de seu retorno eles acabaram tendo que responder muitas perguntas, de seus parentes, amigos e familiares, mas Mithlond limitou-se a permanecer ao lado de sua irmã em silêncio, enquanto ela respondia tudo como podia, mas não mencionara em momento algum mais detalhes sobre o acidente que a havia mudado.

Alguns anos depois, os dois saíram juntos escoltar uma pequena caravana de mercadores até a junção da estrada que saia de sua vila até a estrada principal. Quando retornavam, o cheiro acre de fumaça invadiu suas narinas e eles ficaram alerta, apressando o passo em direção a seu lar. Conforme iam chegando mais perto, o clarão alaranjado ia ficando mais e mais intenso e eles corriam cada vez mais rápido, sem se importar com os espinhos e galhos que fustigavam seus rostos e enroscavam em suas capas conforme iam abrindo caminho pelo mato.

Quando finalmente chegaram, Mithwen caiu de joelhos, sua visão se turvando pelas lágrimas. Sua vila estava completamente tomada pelas chamas. Sem exceção, todos os prédios queimavam. Casas, templos, armazéns, celeiros e enfermarias, nada havia sido poupado.

Gotas de suor escorriam por seu rosto quente. Ela estava com os olhos fechados, tentando absorver o que havia visto. De repente, um rugido gutural a tirou do estupor e ela olhou alarmada ao redor. O que ela viu a deixou por alguns segundos sem ação. Seu irmão segurava sua imensa espada com apenas uma das mãos e trocava golpes com um monstro horrível.

Ele tinha o corpo enorme, muito maior que seu irmão, com mais de 2 metros de altura, coberto por pelos castanhos, cascos à guisa de pés, garras afiadas, chifres retorcidos e dentes afiados. Apesar da aparência pesada, era muito mais rápido e ágil do que parecia, o que dificultava para Mithlond efetivamente causar algum dano no monstro.

Mithwen sacou o arco, puxou uma flecha da aljava e mirou entre os olhos da monstruosidade. Quando ia soltá-la, ouviu um rugido grave vindo do meio do mato e se virou para encarar outra criatura, um pouco menor que a primeira, mas tão horrível quanto.

Sua flecha encontrou destino certo, atravessando o pescoço do monstro e o fazendo gorgolejar sangue, caindo morto alguns segundos depois. Vários outros monstros surgiram do meio da floresta enquanto seu irmão trocava golpes com o que ela achava que era o líder dos monstros. Quando finalmente eles desistiram de atacá-la, ela preparou uma flecha e a segurou, mirando na cabeça do líder.

Não foi sem uma exclamação de dor e, acima de tudo, surpresa que Mithlond caiu sobre um joelho no chão, uma das mãos cobrindo a área sobre seu baço, que sangrava abundantemente. Mithwen mirou com cuidado sua flecha entre os olhos do imenso monstro que ameaçava a vida de seu irmão, mas não foi rápida o suficiente. O monstro golpeou seu irmão no rosto, arrancando e destruindo seu elmo e lhe deixando três rasgos no rosto, fazendo com que ele caísse desmaiado.

A flecha deixou o arco no instante que as garras tocavam a pele de Mithlond e acertou seu alvo em cheio. Ambos caíram, ele e o monstro. Mithwen reuniu todas as suas forças e o arrastou dali até a cidade mais próxima, parando no caminho apenas para fazer um ocasional curativo em Mithlond ou para lhe dar alguns goles d’água.

Vários quilômetros ela percorreu, mas a esperança de que seu irmão vivesse a manteve firme e, chegando finalmente à cidade, ela encontrou um templo de Shallya, onde as sacerdotisas que ali estavam lhes guiaram até uma enfermaria, onde lhes foram oferecidos cuidados. Seu irmão sobreviveu graças ao conhecimento de um cirurgião que soube fechar corretamente o imenso corte em sua barriga, mas seu rosto nunca se recuperou totalmente e ele ficou deformado. Três linhas grossas de cicatrizes lhe cortavam o rosto, lhe deixando ainda mais assustador.

Como sua vida toda, seu passado, havia sido destruída, decidiram deixar tudo para trás e recomeçar a viver na cidade. Mithwen e seu irmão conseguiram ganhar o suficiente para sobreviver trabalhando como escolta profissional para caravanas de mercadores. Freqüentava a taverna mais pé sujo do local à noite e às vezes se apresentava como cantora para ganhar mais uns trocados.

16 de fevereiro de 2012

Ajotlas Urdithane

Meu nome é Ajotlas! Nasci no reino de Ulthuan a alguns anos atrás. Nasci em uma família rica de elfos, que eram seguidores da deusa Shallya logo em sua maioria eram padres e padres altos.

Porém eu nunca simpatizei com seus cultos e magias, o que mais me interessava eram as aulas que eu tinha com meu tio, que estudava magias diferentes que visavam o controle dos elementos.

Me especializei neste tipo de magia e meu irmão, que estudou com meu pai, se especializou nas magias tradicionais da familia. Quando atingimos a idade correta fomos para a escola de magia onde aprendemos a controlar a magia e a ampliar sua eficiência. Logo me tornei aprendiz de mago e o brother se tornou um iniciante.

Um belo dia quando estava a caminhar pelos aposentos da escola pude ver que um dos professores Ismar, o mais odioso de todos, estava indo em direção ao calabouço, local proibido para os alunos. Como nunca tinha ouvido falar de alguem ter ido la comecei a observar este professor mais de perto e notei que ele ia com frequência para aquele lugar.

Contei para meu irmão minha descoberta e ele também achou o comportamento de Ismar estranho e passou a me ajudar a investigar o que estava havendo.

Um dia fomos para a entrada do calabouço esperar por Ismar, mas ele não apareceu, então fomos para a sala dele, fingirmos que estavamos com problemas com alguns encantamentos, e ver o que ele estava fazendo. Mas ao chegarmos la ele estava nos esperando com alguns homens encapuzados que nos imobilizaram. Ele então falou que estava a nossa espera pois sabia que a algum tempo estásvamos o observando, mas como iria precisar da gente permitiu que continuássemos. Perguntei o que ele queria com a gente, ele respondeu que logo saberíamos e minha visão escureceu.

Quando acordei estávamos dentro de uma cela no calabouço cuja porta estava aberta com um dos homens encapuzados na porta. Pude notar que havia um salão na nossa frente onde estavam vários outros homens e um deles era Ismar que estava falando algumas palavras que não consegui entender.

Percebemos então que uma espécie de portal vermelho começou a se abrir no meio da sala, e foi ai que começamos a entendemos o que Ismar planejava. Ele ordenou que o homem nos levasse ao altar que estava na hora. Fingimos que estávamos dormindo e quando ele nos soltou consegui coloca-lo para dormir com um encantamento aprendido na escola. Corremos para a saída e uma vez la fora corremos em direção ao aposento do Archmage, que é o mago mais poderoso e sábio do colégio. Mas, poucos metros antes de chegarmos em seu quarto alguma força nos prendeu no lugar e não podíamos mover as pernas.

Peguei minha adaga e fiz com que ela brilhace e arremessei com toda força na porta do Archmage. Então os capangas de Ismar chegaram até nós e nos arrastaram de volta para o calabouço. Ao chegarmos la vimos que o portal estava todo aberto e 2 criaturas monstruosas estavam do lado de fora aparentemente conversando com Ismar. Os capangas então nos jogaram no chão em direção as criaturas, que assim que nos viram dispararam em nossa direção com olhos famintos. Notei que meu irmão fechou os olhos e abaixou a cabeça aceitando o seu destino.

E quando estavam a poucas polegadas de nós uma luz muito brilhante surgiu na porta, pude notar que era o archmage e não consegui ver mais nada alem do clarão que ofuscou completamente minha visão. Ainda me lembro dos gritos dos homens e das criaturas que mais tarde soube que era demônios.

Pesquisando nos arquivos de Ismar, o Archmage descobriu que ele planejava trazer vários demônios para a escola, e assim toma-la para dar inicio a uma invasão das criaturas do caos na região. Com isso eu e meu irmão ganhamos o título de caçadores de demônios e a possibilidade de nos juntarmos aos magos mais poderosos da região para aprimorarmos nossas magias logo que tivessemos habilidade suficiente para isso. Sendo assim recebemos suprimentos para iniciarmos a jornada em busca de habilidade para chegarmos a frente de batalha contra o caos.